Do afeto à racionalidade capitalista: transformações alimentares no Oeste de Santa Catarina
DOI:
https://doi.org/10.29147/revhosp.v21.1206Palavras-chave:
cultura alimentar, memória gustativa, espaço social alimentar, consumo de ultraprocessados, produção capitalistaResumo
O presente artigo tem por objetivo resgatar as memórias gustativas de moradoras idosas da região Oeste de Santa Catarina, e, a partir disso, dissertar sobre as transformações alimentares vivenciadas por essas mulheres, pautando o seu espaço social alimentar. Os caminhos metodológicos desenvolvidos para a efetivação deste trabalho consistiram em dois movimentos: o primeiro envolvendo o uso de entrevistas narrativas e o segundo sendo baseado no levantamento teórico-bibliográfico. A partir de discussões que articulam elementos geográficos de análise das metamorfoses da cultura alimentar, na interlocução dos diálogos com as mulheres, observamos que o avanço de modelos de produção voltados ao agronegócio, bem como a industrialização dos alimentos, tem limitado cada vez mais o consumo de alimentos in natura, impactando diretamente nas formas orgânicas e afetivas de reprodução da vida cotidiana no espaço. De acordo com os relatos obtidos e analisados, preliminarmente aferimos que todo esse processo de transformação da cultura alimentar apresenta uma significativa relação com a racionalidade capitalista de produção, que vem se disseminando por todo o globo, especialmente a partir da década de 1970.
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