CONCEITOS, ARGUMENTOS, ESTRATGIAS, MTODOS,
TCNICAS E PROBLEMTICAS ENVOLVENDO A IMPLANTAO DA SINALIZAO DE ORIENTAO
TURSTICA EM STIOS HISTRICOS.
CONCEPTS,
ARGUMENTS, STRATEGIES, METHODS, TECHNIQUES AND PROBLEMS INVOLVING THE
IMPLANTATION OF TOURISM ORIENTATION SIGNALING IN HISTORICAL SITES.
CONCEPTOS,
ARGUMENTOS, ESTRATEGIAS, MTODOS, TCNICAS Y PROBLEMTICAS ENVOLVENDO LA
IMPLANTACIN DE LA SEALIZACIN DE ORIENTACIN TURSTICA EN SITIOS HISTRICOS.
Ana Paula Rodrigues[1]
Emanoel Silva De Amorim[2]
RESUMO
Palavras-chave: Mobilidade Urbana; Patrimnio
Histrico; Sinalizao Turstica; Infraestrutura Urbana.
ABSTRACT
This research works with the image of the historical cities, more
specifically, it was to present a bibliographical revision on the concepts and
arguments related to the implantation of the signage of tourist orientation in
historical sites. Presenting strategies and methods based on case studies
carried out in tourist signaling projects in City of Olinda (Pernambuco), in
the city of Recife (Pernambuco), in the Tourist Poles Serrano and Agreste /
Trairi (Rio Grande do Norte). In addition to mentioning the techniques and
problems involved in the implementation of this type of infrastructure in
historic sites listed by IPHAN. The objective of this work is to demonstrate
the importance of knowledge, supporting and justifying through arguments the
need for investment in this typology of infrastructure, as well as its accuracy
in the process of preserving cultural assets. Finally, it is concluded that the
efficiency of this urban infrastructure can also contribute to the increase of
the stay of the tourist in the place, and of the average expense during its
stay.
Key words: Urban mobility; Historical Patrimony; Tourist
Signage; Urban infrastructure.
RESUMEN
Esta
investigacin trabaja con la imagen de las ciudades histricas, ms
especficamente, se trat de presentar una revisin bibliogrfica sobre los
conceptos y argumentos ligados a la implantacin de la sealizacin de
orientacin turstica en sitios histricos. En el marco de los estudios de caso
realizados en los proyectos de sealizacin de orientacin turstica en la
Cidad de Olinda (Pernambuco), en la Cidad de Recife (Pernambuco), en los
Polos Tursticos Serrano y Agreste / Trairi (Ro Grande del Norte). Adems de
citar las tcnicas y las problemticas que involucra la implantacin de este tipo
de infraestructuras en lugares histricos tomados por el IPHAN. El objetivo del
trabajo es demostrar la importancia del conocimiento, basndose y justificando
a travs de argumentos la necesidad de la inversin en esa tipologa de
infraestructura, adems de su agudeza en el proceso de preservacin de los
bienes culturales. Finalmente, se concluye que la eficiencia de esta
infraestructura urbana puede contribuir tambin al aumento de la permanencia
del turista en el lugar, y del gasto medio durante su estancia.
Palabras-clave: Mobilidad urbana; Patrimonio histrico;
Sealizacin Turstica; Infraestructura Urbana.
1. Introduo
Atualmente, os sistemas de sinalizao do trnsito foram se tornando mais complexo e onipresente, atendendo a demanda do usurio de se localizar e de fornecer o melhor acesso s atraes e recursos de um territrio.
Dentro deste cenrio, surge a Sinalizao de Orientao Turstica, que conforme o EMBRATUR, DENATRAN e IPHAN (2001, p. 20) a comunicao efetuada por meio de um conjunto de placas de sinalizao, implantadas sucessivamente ao logo de um trajeto estabelecido, com o objetivo de apresentar ao usurio os circuitos tursticos para alcanar os topnimos (atrativos tursticos).
A importncia de sinalizar os topnimos vem da justificativa de empoderar a cultura local, a qual pode ser considerada como um diferencial que potencializa a competitividade de produtos e roteiros tursticos, alm de reafirmar os valores e a identidade de um povo.
Dada esta tendncia, torna-se imprescindvel conhecer os critrios bsicos, conceitos, argumentos, estratgias, metodologias, tcnicas e problemticas envolvendo a implantao da sinalizao de orientao turstica em stios histricos, uma vez que eles so beros da cultura de um local.
2. CONCEITOS LIGADOS SINALIZAO TURSTICA
2.1. Sinalizao Rodoviria
Segundo o Manual de Sinalizao Rodoviria (DNIT, 2010), a sinalizao permanente composta por placas, painis, marcas no pavimento e elementos auxiliares constitui-se num sistema de dispositivos fixos de controle de trfego que, por sua simples presena no ambiente operacional de uma via, regulam, advertem e orientam os seus usurios.
Por isso podemos idealizar que a sinalizao rodoviria um dos elementos fundamentais para o bom andamento do trnsito, orientado tanto motoristas quanto pedestres. Para isso, a sinalizao deve alcanar a confiana dos usurios, concedendo-lhes ainda um prazo para a tomadas de decises. Esta autonomia o resultado de diversos fatores, os quais compem o ambiente operacional de uma via, como densidade e tipo do trfego que se utiliza da via, velocidade dos veculos, complexidade de percurso e de manobra em funo das caractersticas da via, tipo e intensidade de ocupao lateral da via (uso do solo).
O DNER (1998, p 01) afirma que h uma dificuldade crescente em se atrair a ateno dos usurios para a sinalizao permanente da via, o que requer projetos atualizados, o emprego de novas tcnicas e materiais e correta manuteno.
Uma sinalizao adequada o produto de um processo de medidas que envolvam o projeto, implantao, operao, manuteno e materiais empregados.
2.2. Sinalizao
de Orientao Turstica
A partir do momento em que o turista se afasta dos arredores de seu domiclio, comea a se deparar com situaes que no lhe so habituais e que requerem atendimento especfico (EMBRATUR, DENATRAN, IPHAN, 2001, p. 14). Este fato ocorre devido perda de marcos urbanstico, como paisagens, ruas, praas, edificaes, equipamentos urbanos e elementos de sinalizao aos quais est familiarizado em seus deslocamentos cotidianos.
Por esse motivo, a sinalizao de orientao turstica aplica-se aos usurios que no conhecem bem as regies ou cidades onde esto circulando, especialmente ao serem visitadas pela primeira vez. Visando informar e orientar os usurios sobre a existncia de atrativos tursticos, indicando os melhores percursos de acesso e distncias a serem percorrida para se chegar ao local desejado.
A linguagem pictogrfica, a cor padronizada internacionalmente e a articulao com a sinalizao indicativa em geral so elementos que destacam as atraes tursticas e, ao mesmo tempo, tornam mais racional o caminho para cada uma delas, independentemente da nacionalidade e do idioma do turista.
O conjunto de atrativos de uma regio ou cidade devem ter seus potenciais tursticos sistematizados atravs de um processo de hierarquizao, garantido pelos valores agregados, sejam eles de natureza cultural, natural, lazer ou aventura, entre outros, e cuja seleo motivada pelo estudo da oferta e da demanda turstica desta localidade.
A sinalizao de orientao turstica parte integrante do sistema virio devendo seguir objetivos e princpios que visa garantir a eficincia e a segurana para os usurios em vias urbanas e rurais.
2.2.1 Objetivos e princpios da
Sinalizao de Orientao Turstica
Conforme o EMBRATUR, DENATRAN e IPHAN (2001, p. 16), para garantir a homogeneidade e eficcia da sinalizao de orientao turstica preciso que seja concebida e implantada de forma a assegurar a aplicao dos seguintes objetivos e princpios bsicos:
a) Legalidade: Cumprir o estabelecido
no Cdigo de Trnsito Brasileiro CTB e nas Resolues do Conselho Nacional de
Trnsito Contran.
b) Cumprir a legislao de
preservao de stios tombados pelo Instituto do Patrimnio Histrico e
Artstico Nacional Iphan e protegidos pela Lei de Arqueologia.
c) Padronizao: Seguir um padro
preestabelecido quanto a: Formas e cores dos sinais; letras, tarjas, setas e
pictogramas; aplicao - situaes idnticas sinalizadas da mesma forma;
colocao na via ou nas localidades.
d) Visibilidade, legibilidade e
segurana: Ser visualizada e lida a uma distncia que permita segurana e
tempo hbil para a tomada de deciso, de forma a evitar hesitao e manobras
bruscas. Selecionar trajetos de fcil compreenso para os usurios, com o
objetivo de valorizar os aspectos de interesse cultural e turstico, levando em
conta a segurana do trnsito. Garantir a integridade dos monumentos
destacados e impedir que a sinalizao interfira em sua visualizao.
e) Resguardar as peculiaridades dos
stios.
f) Suficincia: Oferecer as
mensagens necessrias a fim de atender os deslocamentos dos usurios.
Auxiliar a adaptao dos usurios s diversas situaes virias.
g) Continuidade e coerncia:
Assegurar a continuidade das mensagens at atingir o destino pretendido,
mantendo coerncia nas informaes. Ordenar a cadncia das mensagens, para
garantir preciso e confiabilidade.
h) Atualidade e valorizao:
Acompanhar a dinmica dos meios urbano e rural, adequando a sinalizao a cada
nova realidade. Assegurar a valorizao da sinalizao, mantendo-a atualizada
e evitando gerar desinformaes sucessivas.
i)
Manuteno e conservao: Estar sempre conservada, limpa, bem fixada e,
quando for o caso, corretamente iluminada.
2.3.
Acessibilidade Integrada
De acordo com o Decreto Federal n 5.296/2004 em seu art.10, a concepo e a implantao dos projetos arquitetnicos e urbansticos devem atender aos princpios do Desenho Universal, tendo como referncias bsicas as normas tcnicas da ABNT.
Desenho Universal a traduo do ingls Universal Design, portanto no se trata da representao de um desenho (drawing), mas sim de um desgnio ou concepo de projeto (design) com perspectivas universais.
O Desenho Universal no excluir as ajudas tcnicas para grupos especficos de pessoas com deficincia, quando necessrias (Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia, art. 2, ONU). Segundo Cambiaghi (2007, p. 20) o desenho universal composto por sete princpios:
a) Uso equitativo: a caracterstica do ambiente ou elemento espacial que faz com que ele possa ser visualizado por diversas pessoas, independente de idade ou habilidade. Para ter o uso equitativo deve-se: propiciar o mesmo significado de uso para todos; eliminar uma possvel segregao e estigmatizao; promover o uso com privacidade, segurana e conforto, sem deixar de ser um ambiente atraente ao usurio.
b) Uso flexvel: a caracterstica que faz com que o ambiente ou elemento espacial atenda a uma grande parte das preferncias e habilidades das pessoas. Para tal devem-se oferecer diferentes maneiras de uso, possibilitar o uso para destros e canhotos, facilitar a preciso e destreza do usurio e possibilitar o uso de pessoas com diferentes tempos de reao a estmulos.
c) Uso simples e intuitivo: a caracterstica do ambiente ou elemento espacial que possibilita que seu uso seja de fcil compreenso, dispensando para tal, experincia, conhecimento, habilidades lingusticas ou grande nvel de concentrao por parte das pessoas.
d) Informao de fcil percepo: Essa caracterstica do ambiente ou elemento espacial faz com que seja redundante e legvel quanto a apresentaes de informaes vitais. Essas informaes devem se apresentar nos modos visuais e tteis fazendo com que a legibilidade da informao seja maximizada.
e) Tolerncia ao erro: uma caracterstica que possibilita que se minimizem os riscos e consequncias adversas de aes acidentais ou no intencionais na utilizao do ambiente ou elemento espacial. Para tal devem-se agrupar os elementos que apresentam risco, isolando-os ou eliminando-os e evitar aes inconscientes em tarefas que requeiram vigilncia.
f) Esforo fsico mnimo: Para ser usado eficientemente, com conforto e o
mnimo de esforo e cansao.
g) Dimenso e espao para aproximao e uso: Essa caracterstica diz que o ambiente ou elemento espacial deve ter dimenso e espao apropriado para aproximao, alcance, manipulao e uso, independente de tamanho de corpo, postura e mobilidade do usurio. Desta forma, deve-se: implantar sinalizao em elementos importantes e tornar confortavelmente alcanveis todos os componentes para usurios sentados ou em p.
O IPHAN, atravs do Manual de Sinalizao do Patrimnio Mundial no Brasil, que apresenta referncias para a produo de projetos de sinalizao dos stios do Patrimnio Mundial no Brasil, define a acessibilidade como um dos princpios a serem obedecidos:
As placas
indicativas e de orientao de pedestres devem levar o pblico ao seu destino,
valorizando os aspectos de interesse cultural e turstico. Servem para guiar o
visitante por meio de um percurso no apenas curto, mas tambm atrativo e
instrutivo. recomendvel que as placas de trnsito direcionem turistas
motorizados aos locais adequados de estacionamento de veculos, favorecendo
assim a visitao dos stios a p. Isso evita a presena de veculos
estacionados em torno da rea declarada patrimnio. importante ainda
respeitar as regras de acessibilidade s pessoas com deficincia, considerando
nos projetos de sinalizao a altura das peas, a facilidade de acesso a elas
e, sempre que possvel, a leitura em braile para deficientes visuais. (IPHAN,
2013, p. 03)
Para obter a configurao de um ambiente acessvel necessrio entender as especificidades de cada usurio, reconhecer as barreiras ou exigncias de um ambiente e implantar melhorias para a diminuio da situao de incapacidade e, com isso, equiparar as oportunidades. A aplicao da acessibilidade e do desenho universal em ambientes pblicos no est ligada somente a benfeitorias para portadores de necessidades especiais. A busca por permitir que todos os usurios desfrutem de um mesmo ambiente, em condies seguras, pode ser conceituada como Acessibilidade Integrada, que a equiparao das oportunidades para todos os usurios, seja ele PDE (Portador de necessidades especiais) ou no. A partir desse entendimento, a indicao de melhorias abrange uma diversidade de usurios, entre eles: cegos ou com baixa viso, cadeirantes, turistas, anes, analfabetos, crianas, idosos e outros.
O CBT - Cdigo Brasileiro de Transito atualmente no exige a traduo das informaes, porm existem diversos PL - Projetos de Lei em tramitao que discutem a obrigatoriedade de que informaes tursticas de responsabilidade de rgos pblicos sero expressas nos idiomas portugus, espanhol e ingls. A exemplo, PL 7.033/2014, do Senado Federal, que prever a alterao do Art. 80, 3 do Cdigo Brasileiro de Trnsito, assim nos trechos que sejam de interesse turstico ou estejam prximos a fronteira com outros pases, a sinalizao vertical de indicao e a especial de advertncia, quando no expressas exclusivamente por meio de pictograma, devero conter legenda enunciada nos idiomas portugus, espanhol e ingls.
3. ARGUMENTOS
PARA A IMPLANTAO DA SINALIZAO TURSTICA EM STIOS HISTRICOS
Nos ltimos anos, o Iphan vem evoluindo para uma concepo mais integrada de gerenciamento do patrimnio cultural brasileiro, ultrapassando as aes de identificao, restaurao e conservao, com foco em monumentos e acervos isolados. crescente o entendimento de que o patrimnio est intrinsecamente relacionado a temas globais como o desenvolvimento econmico e social (EMBRATUR, DENATRAN e IPHAN, 2001).
Neste sentido, uma forma eficaz de proporcionar transformaes favorveis para o setor aumentar a quantidade de programas e investimentos, trabalhando em conjunto com o empresariado e da mobilizao das comunidades tursticas. Entre esses programas e investimentos, surge a sinalizao turstica como ferramenta promoo do turismo e lazer nos stios histricos.
Em complemento, abaixo esto listados um conjunto de argumentos que podem ser utilizados para a defesa da implantao da sinalizao turstica em stios histricos.
3.1. Argumentos socioculturais
As cidades so espaos de encontros, de convivncias, de histria, cada qual com suas singularidades, fruto da ocupao e produo espacial, possuem atratividades diversas que motivam suas visitaes, mas, para isso, devem ser locais adequados ao convvio em sociedade ao apresentarem qualidades sociais, culturais e ambientais que atendam s necessidades da populao e estimulem a visitao. (ASCHER, 2010)
O turismo urbano permite rentabilizar social e economicamente investimentos, pois cada cidade singular, oferece um espetculo diferenciado, centraliza uma srie de possibilidades que criam um grande poder de seduo [...] (CASTROGIOVANNI; GASTAL 1999, p. 6).
Nesse cenrio, a sinalizao torna-se uma ferramenta de empoderamento sociocultural, e quando adequadamente integrado ao planejamento do desenvolvimento turstico promove um processo dinmico de socializao de um local.
Murta & Goodey (1995) abordam a sinalizao como uma das formas de interpretao do patrimnio, visando a sua valorizao social e econmica. Os autores destacam que essa prtica teve origem na Europa e Estados Unidos, em parte, devido ao crescente nmero de visitantes aos stios histricos, que originou a necessidade educacional e econmica de democratizar o acesso e oferecer subsdios para a compreenso dos patrimnios.
Exposto as colocaes acima, pode-se concluir que a sinalizao uma ferramenta de promoo a valorizao sociocultural de um local, pois ela:
a) Fomenta
que os visitantes, turistas ou no, conheam o legado histrico do patrimnio
da cidade; porque,
b) Valoriza
a experincia dos visitantes, apresentando-lhes lugares organizados, com
informaes e preservados; e por fim,
c) Canaliza
recursos para a preservao e promoo do patrimnio, atravs de investimentos
do setor pblico ou do setor privado ou de parcerias entre estes.
3.2. Argumentos
legais e tcnicos
Qualquer proposta de interveno para implantao de sinalizao de orientao turstica em stios histricos dever ser desenvolvida segundo as diretrizes estabelecidas no Guia Brasileiro de Sinalizao Turstica da EMPETUR, IPHAN, DENATRAN (2001), Manual de Sinalizao do Patrimnio Mundial no Brasil (2013), Comunicao e Cidades Patrimnio Mundial no Brasil (UNESCO, IPHAN, 2010) Manual de Sinalizao Rodoviria do DNER (2010), Cdigo de Transito Brasileiro (Lei 9503 de 23 de setembro de 1997), Manual Brasileiro de Sinalizao de Transito, volume III Sinalizao Vertical de Indicao, verificando quando aplicveis as Normas Brasileiras da ABNT pertinentes a projeto de sinalizao.
3.3. Argumentos
econmicos
Acredita-se que o turismo uma atividade que contempla a valorizao de uma localidade e que gera renda e emprego, graas a seu efeito multiplicador nas economias locais. (SILVA & MELO, 2012, p. 02)
Conforme o estudo anual Viagens e Turismo: Impacto Econmico desenvolvido pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em ingls), entidade que rene os maiores empresrios de turismo no mundo o Brasil est em 6 lugar no ranking de pases que apresenta atividade econmica impactante. O estudo foi realizado em 184 pases e leva em conta vrios indicadores do setor, como: importncia do turismo para o PIB (Produto Interno Bruto), gerao de empregos, divisas geradas por turistas internacionais e investimentos pblicos e privados.
Diante disso, Silva & Melo (2012) conclui que, a sinalizao turstica tem como finalidade garantir o acesso fcil s informaes sobre quaisquer atrativos tursticos e por sua vez, possibilitar um deslocamento acessvel. Contudo, Pesquisas efetuadas com turistas estrangeiros revelam, porm, que a sinalizao deficiente uma das mais frequentes queixas daqueles que nos visitam. De fato, os viajantes estrangeiros ressentem-se da dificuldade de obter informaes claras e precisas em placas de sinalizao, materiais impressos, sonoros e visuais. (Projeto de Lei - PL 7.033/14, BRASIL, 2014)
3.4. Argumentos
sustentveis
Sintetizando os argumentos anteriores, temos a questo da sustentabilidade. Torna-se insustentvel desconsiderar que a implantao da sinalizao de orientao turstica, pois ela supre as necessidades atuais da populao, sem comprometer o futuro das prximas geraes. Ou seja, a sinalizao de orientao turstica est diretamente relacionada ao desenvolvimento econmico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos de forma inteligente visando a preservao e conservao do patrimnio cultural em stios histricos.
4. ESTRATGIAS
PARA A IMPLANTAO DA SINALIZAO DE ORIENTAO TURSTICA EM STIOS HISTRICOS
O desenvolvimento da sinalizao de orientao turstica faz parte do planejamento da cidade, em seu mbito regional e urbano, envolvendo inclusive os aspectos mais especficos do local, o qual fundamental para a definio da estratgia de sinalizao turstica.
A estratgia de sinalizao basicamente a definio de como pedestres e usurios de veculos podem utilizar a infraestrutura local, para atingir os atrativos existentes por meio da escolha dos melhores trajetos (EMBRATUR, DENATRAN e IPHAN, 2001, p. 25). Para isso, deve-se delimitar a rea de abrangncia da interveno, assim como, o nvel de conhecimento que a populao tem sobre os atrativos tursticos deste permetro, logo aps possvel selecion-los e hierarquiz-los.
Segundo EMBRATUR, DENATRAN e IPHAN (2001) a definio da estratgia de sinalizao considera duas etapas bsicas de desenvolvimento:
a) Diagnstico da situao existente, englobando o levantamento e a anlise das informaes essenciais da regio, do municpio e do local de interveno, e diagnstico da rede viria, para veculos e pedestres, e dos atrativos tursticos existentes.
b) Definio da lgica a ser adotada, a partir do conhecimento e da anlise das condies existentes, fundamentadas na etapa anterior. O esquema de sinalizao de orientao deve contemplar a melhor forma para atender s necessidades de informaes sobre a regio, as cidades e os atrativos tursticos. Este esquema ir englobar os critrios para seleo do sistema virio de acesso para veculos e pedestres, e critrios para seleo do sistema referencial turstico.
5. METODOLOGIA
PARA A IMPLANTAO DA SINALIZAO DE ORIENTAO TURSTICA EM STIOS HISTRICOS
O Guia Brasileiro de Sinalizao Turstica da EMPETUR, IPHAN, DENATRAN (2001) no cita um cronograma sistemtico para elaborao do projeto de sinalizao de orientao turstica em stios histricos, porm foi realizado alguns estudos de casos para traar uma metodologia projetual. Em anlise foi estudado os projetos de sinalizao de orientao turstica na Cidade de Olinda (Pernambuco), na Cidade do Recife (Pernambuco), nos Plos Tursticos Serrano e Agreste/Trairi (Rio Grande do Norte), os quais seguiram as etapas citadas na Figura 1:
Figura
01: Organograma para elaborao de projetos de sinalizao de orientao
tursticas.
Fonte: Autor, 2017.
5.1. 1 Fase:
Identificao e Conhecimento do Objeto de Interveno
Esta etapa foi responsvel pela identificao e caracterizao a rea de projeto quanto aos aspectos relativos ao meio ambiente urbano, s disposies da legislao incidente na rea, ao contexto histrico, socioeconmico e cultural e por fim, quanto a sua significao atual e ao longo do tempo. Foram atividades componentes desta etapa:
a) Diagnstico turstico
b) Pesquisa Histrica
c) Levantamento Fsico (caractersticas geomtricas do espao)
d) Levantamento de Informaes de Infraestrutura
e) Levantamento dos Aspectos Legais
f) Levantamento Scio Econmico-Ambiental
5.2. 2 Fase:
Diagnstico
Esta fase, complementou a anterior no que diz respeito ao conhecimento do objeto, trata-se das anlises das caractersticas do espao pblico luz de determinado enfoque/problema ou interesse. Os aspectos que devem ser considerados nesta etapa referem-se ao estado de conservao da rea de projeto e equipamentos urbanos, condies de uso, apropriao pela comunidade, adequao ao conjunto e, fundamentalmente, interferncias ambientais e visuais perfeita fruio da ambincia do patrimnio cultural urbano. Destacamos como componentes desta etapa:
a) Anlise do Estado de Conservao;
b) Estudos, Prospeces e Ensaios;
c) Anlise dos Aspectos Paisagsticos;
d) Avaliao do Mobilirio Urbano e Comunicao Visual;
e) Avaliao da Legislao Existente.
5.3. 3 Fase:
Proposta de Interveno
Compreendeu a definio do conjunto de aes necessrias para caracterizar a interveno, determinando solues, definindo usos e procedimentos de execuo, abordados tcnica e conceitualmente. Os quais foram desenvolvidos em cinco produtos:
a) Produto 1: Estudo Preliminar (Estratgia da Sinalizao);
b) Produto 2: Plano Funcional;
c) Produto 3: Projeto Executivo
d) Produto 4: Plano de Manuteno de Placas
e) Produto 5: Relatrio Final do Projeto Executivo de Sinalizao Turstica
6. TCNICAS PARA
A IMPLANTAO DA SINALIZAO TURSTICA EM STIOS HISTRICOS
Ao desenvolvimento da identidade visual da sinalizao turstica em stios histricos deve levar em considerao diversos fatores, como: Modalidade de Acesso, Tipologias das Placas, Tipo de Fixao e Suportes, Dimensionamento e Tipologias dos Materiais e Especificaes gerais. Neste sentido, fundamental que seja mantida a padronizao em todos os planos desenvolvidos, independente de sua abrangncia e do nmero de atrativos a serem sinalizados. (EMBRATUR, DENATRAN e IPHAN, 2001, p. 25).
6.1. Modalidade
de acesso Usurios de veculos motorizados
Segundo a EMBRATUR, DENATRAN e IPHAN (2001), para deslocamentos e acessos feitos por meio de veculo motorizado, ser escolhido um sistema virio com capacidade suficiente para a circulao e, ao mesmo tempo, compatvel com as polticas de desenvolvimento e de organizao territorial, especialmente quando os trajetos se encontram em reas urbanas tombadas ou protegidas por alguma legislao.
Figura 02: Componentes do sistema de sinalizao turstica
em patrimnio histrico.
Fonte: Projeto de Sinalizao Turstica para os Polos
Tursticos do Rio Grande do Norte, 2016.
Figura 03: Placa Interpretativa em Madeira.
Fonte: Manual de Sealizacin Turstica de
Ecuador, 2011.
Figura 04: Componentes do sistema de sinalizao turstica
de Pedestres.
Fonte: Plan de Sealizacin Turstica Vial y Peatonal de Bogot, 2010
6.2. Modalidade
de acesso Usurios a p
Segundo a EMBRATUR, DENATRAN e IPHAN (2001), para os pedestres, a sinalizao tambm deve promover os melhores percursos, integrando e conectando os atrativos tursticos entre si e s demais atividades, sendo, contudo, resultante de uma estratgia diferenciada e especfica, que trabalhe sobre o Sistema Virio de Acesso e o Sistema Referencial Turstico, observando as necessidades, potencialidades e limitaes prprias dos deslocamentos a p.
Figura 05: Componentes do sistema de sinalizao turstica
em cidades patrimnio mundial.
Fonte: IPHAN, 2013.
7. PROBLEMTICAS ENVOLVENDO
A IMPLANTAO DA SINALIZAO TURSTICA EM STIOS HISTRICOS
Segundo o Guia Brasileiro de Sinalizao Turstica da EMPETUR, IPHAN, DENATRAN (2001), frequentemente so observados equvocos nos sistemas de sinalizao de orientao turstica. No Quadro 1 so citados alguns equvocos, as causas destes e as aes mitigadoras para sanar esses erros.
Equvocos |
Causas |
Aes
Mitigadoras ou Formas de Preveno |
Seleo de
topnimos que no constituem um sistema referencial abrangente e
representativo, deixando de proporcionar, por isso, o pleno atendimento s
necessidades de deslocamentos dos usurios.
Fonte: GBST (2001) |
Erro projetual |
Recomenda-se
que ao desenvolver um Projeto de Sinalizao Turstica tenha pelo
conhecimento do permetro de interveno, para isso deve ser feito estudos
com identificar e conhecer a rea, como tambm, e analisar, avaliar e
diagnosticar possveis conflitos. Somente com base nesses estudos
preliminares que o projetista possuir plena capacidade de desenvolver uma
proposta de interveno respeitando os critrios estabelecidos pelo GBST,
assim como, todos os normativos ligados ao assunto. |
Falta de
continuidade nas mensagens utilizadas, com interrupo da informao,
dificultando ao usurio atingir seu destino. Fonte: GBST (2001) |
Erro projetual |
|
Placas com
diferentes critrios de diagramao, nas mais variadas formas, sem padro de
ordenao das informaes e mensagens.
Fonte: GBST (2001) |
Erro projetual |
|
Trajetos
selecionados inadequados aos deslocamentos. Fonte: GBST (2001) |
Erro projetual |
|
Placas
instaladas em locais que comprometem a visualizao ou a segurana, alm de
trazer conflito com o bem histrico. Fonte: GBST (2001) |
Erro projetual |
|
Placas
confeccionadas em materiais inadequados. Fonte: GBST (2001) |
Erro projetual |
|
Utilizao de
formatos e tamanhos de letras e algarismos que no proporcionam legibilidade.
Fonte: GBST (2001) |
Erro projetual |
Recomenda-se
que ao desenvolver um Projeto de Sinalizao Turstica, o projetista dever
seguir fielmente o GBST, assim como, todos os normativos ligados ao assunto. |
Falta de
manuteno. Fonte: Autor (2017) |
Gesto Pblica
Ineficiente |
Recomenda-se
que todo o Projeto de Sinalizao Turstica seja acompanhado com um Plano de
Manuteno, o qual ir descrever a periodicidade das vistorias e os elementos
a serem analisados, como: visibilidade, limpeza e danos. As ocorrncias
registradas sero parte de relatrios que ir balizar as futuras tomadas de
decises mitigadoras por parte da Administrao Pblica. |
Vandalismo. Fonte:
Autor (2017) |
Gesto Pblica
Ineficiente |
O desafio de
combater o vandalismo deve ser estudado profundamente pela administrao
pblica. Em tese no existem solues nicas ou especificas. Dever haver um
estudo socioambiental sobre moradores, aes de educao patrimonial e
ambiental, assim como, a parceria com os entes da segurana pblica. |
Erros de
tradues. Fonte: Autor (2017) |
Erro projetual |
Recomenda-se
que na equipe multidisciplinar de elaborao do projeto possua tradutores
juramentados, os quais so habilitados para fazer tradues oficiais. |
Quadro 01: Problemticas envolvendo a implantao da
sinalizao turstica em stios histricos. Fonte: IPHAN (2013), adaptado pelo
Autor, 2017.
8. CONCLUSES
A sinalizao de Orientao Turstica um fator de grande importncia para a satisfao do turista no destino, atravs de uma sinalizao eficiente com orientaes claras e precisas, o turista pode potencializar sua visitao no destino, e conhecer melhor o local. O turista que no tem como meta especifica a visitao, ou que tenha um objetivo de visitao muito restrito, pode ter a curiosidade despertada para determinados atrativos que estejam sinalizados em seu percurso. Dessa forma a eficincia desta infraestrutura urbana pode contribuir tambm para o aumento da permanncia do turista no local, e do gasto mdio durante sua estadia.
A preservao e, ao mesmo tempo, a compreenso dos stios histricos so uma constante nos dias de hoje. O processo de preservao extremamente complexo e, por que no dizer, difcil, tendo em vista que demanda recursos nem sempre disponveis e, s vezes, vai de encontro a um processo de crescimento urbano nem sempre saudvel.
Dentro do processo de preservao, a sinalizao turstica surge como um aliado importante para o entendimento dos stios e monumentos, unindo informao e educao patrimonial. As Cartas Patrimoniais definem uma srie de aes e sugestes para a preservao de stios histricos e, embora no haja posicionamentos especficos acerca da sinalizao nessas reas, percebe-se que h critrios gerais de como intervir, e como a insero de quaisquer novos elementos em stios histricos uma interveno, deve-se dedicar ateno sinalizao turstica.
REFERNCIAS
AMORIM, E. S.; BAPTISTA,
A. H. N. Aplicao da Acessibilidade
Integrada no Mapa das Linhas do METROREC. In: Congresso Nacional de
Pesquisa e Ensino em Transporte - ANPET XXVII, 2013, Belm/PA.
ASCHER, Franois. Os novos princpios do urbanismo. Trad.
Nadia Somekh. So Paulo: Romano Guerra, 2010.
BRASIL. CDIGO DE TRNSITO
BRASILEIRO. Cdigo de Trnsito
Brasileiro: institudo pela Lei n 9.503, 23 de outubro de 1997. 3. ed.-
Braslia: DENATRAN, 2008.
BRASIL. DECRETO FEDERAL N 5.296/2004, de 2 de
dezembro de 2004.
BRASIL. Departamento
Nacional de Estradas de Rodagem. Diretoria de Desenvolvimento Tecnolgico.
Diviso de Capacitao Tecnolgica. Manual de sinalizao rodoviria. 2
ed. - Rio de Janeiro, 1998.
BRASIL. Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria Executiva. Instituto de
Pesquisas Rodovirias. Manual de
sinalizao rodoviria. 3.ed. - Rio de Janeiro, 2010.
BRASIL. Embratur -
Instituto Brasileiro de Turismo. Denatran - DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRNSITO.
IPHAN - Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Guia Brasileiro de Sinalizao Turstica.
1 ed. - Rio de Janeiro, 2001.
BRASIL. Instituto do
Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Sinalizao
do Patrimnio Mundial no Brasil: orientaes tcnicas para aplicao /
Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional. Braslia : IPHAN,
2013. 44 p., il.
BRASIL. PROJETO DE LEI N 7.033-A, de 2014, do
Senado Federal.
CAMBIAGHI, S. Desenho Universal. Mtodos e Tcnicas para
Arquitetos e Urbanistas. So Paulo: Senac, 2007.
CASTROGIOVANNI, Antonio
Carlos. Turismo e ordenao no espao
urbano. In: YAZIGI, Eduardo (org.). Turismo urbano. So Paulo: Contexto,
2001.
DIRETORIA DE
DESENVOLVIMENTO TECNOLGICO. Diviso de Capacitao Tecnolgica. Manual
de sinalizao rodoviria. - 2 ed. - Rio de Janeiro, 1998.
ECADOR. Ministerio de
Turismo. Manual de Sealizacin Turstica. Quito, 2011.
INSTITUTO DISTRITAL DE
TURISMO - IDT. Plan de sealizacin
turstica vial y peatonal de Bogot. Bogot: IDT, 2010.
MURTA, S. M.; GOODEY, B. Interpretao do patrimnio para o turismo
sustentado: um guia. Belo Horizonte MG: SEBRAE, 1995.
SECRETARIA DE TURISMO DO
ESTADO DE PERNAMBUCO SETUR. Projeto de
Sinalizao Turstica nas Cidades de Recife e Olinda. Recife: SETUR-PE .
2013.
SECRETARIA DE TURISMO DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE SETUR. Projeto
Executivo de Sinalizao Turstica para os Polos Tursticos do Rio Grande do
Norte - Serrano e Agreste/Trairi. Natal: SETUR-RN, 2014.
SILVA, F. & Melo, R. Contribuio da sinalizao turstica para
o desenvolvimento turstico da cidade de Parnaba (PI, Brasil). Revista
Brasileira de Pesquisa em Turismo. So Paulo, 6 (2), pp. 3 - 20, mai./ago. 2012
SOUZA, M. Sinalizao turstica e percepo do espao geogrfico. Turismo Viso e Ao. Itaja, 8(1), 165-176, 2006.
Artigo recebido em: 24/01/2018
Avaliado em: 27/03/2018
Aprovado em: 30/08/2018
[1] Doutora em Educao
(2012) pela Universidade de La Empresa (UDE/Uruguai) - Diploma Reconvalidado
(2017) pela Universidade Federal de Uberlndia. Mestre em Meio Ambiente e
Sustentabilidade (2005) pela Fundao Educacional de Caratinga FUNEC.
Diretora de Pesquisa, Extenso e EAD da FAVENI - Faculdade Venda Nova do
Imigrante, e Professora Titular do Centro Universitrio de Caratinga UNEC.
[2] Arquiteto e
Urbanista (2014) e Especialista em Gesto de Projetos e Obras: Oramentos e
Percia (2017) pela Faculdade de Cincias Humanas ESUDA. Especialista em
Mobilidade Urbana e Transito (2017) pela Faculdade Venda Nova do Imigrante
FAVENI. ORCID: http://orcid.org/0000-0001-6431-447X E-mail: emanoel.s.amorim@gmail.com
Diretórios e Indexadores